terça-feira, 19 de abril de 2011

Pesquisadores acham que estresse causado por bullying altera a química cerebral

Que o bullying provoca mudanças de comportamento em crianças e adolescentes, tornando-os mais retraídos, ansiosos e socialmente isolados, entre outros sintomas, já se sabia. Agora, um novo estudo acha pistas importantes de como essa forma de violência causa danos no cérebro. Uma equipe da Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos, analisou o comportamento e a anatomia de camundongos submetidos a uma situação de estresse social crônico, semelhante à pressão sofrida por alunos perseguidos sistematicamente e durante um longo período por colegas. A descoberta foi que o abuso modifica a química cerebral, principalmente em regiões fundamentais para o processamento das emoções.

Principal autor do estudo, publicado recentemente na revista especializada Psychology and behavior, Yoav Litvin explica que as conclusões podem lançar luz sobre os efeitos do bullying e de outras formas de estresse social nas pessoas. Isso porque as regiões cerebrais, nas quais os cientistas focaram estão presentes em todos os mamíferos, dos pequenos roedores aos homens.

Para realizar o experimento, a equipe de Litvin criou em laboratório uma espécie de jardim de infância, para o qual nenhum camundongo gostaria de ser mandado. Presa em uma gaiola de vidro, a cobaia era obrigada a conviver por 10 dias com animais mais velhos e maiores que ela – um rato diferente por dia. Como são territorialistas, assim que se viam dividindo o mesmo espaço os camundongos tendiam a se enfrentar, e a cobaia, em desvantagem, perdia a disputa invariavelmente.

Os pesquisadores permitiam que as brigas diárias durassem apenas 10 minutos. Depois desse tempo eles isolavam o camundongo maior em um cubículo de vidro, ainda dentro da gaiola. Dessa forma, o animal menor ainda podia ver, ouvir e sentir o cheiro do agressor, situação estressante para ele. Depois de viver sob esse tipo de pressão por 10 dias, a cobaia ganhava um dia de descanso e era levada então a uma outra jaula, onde passava a conviver com animais do mesmo tamanho ao seu.

Todos os animais que haviam passado pelo trauma do bullying apresentavam mudanças de comportamento nessa fase do experimento. “Descobrimos que, depois de passar dias sentindo-se derrotados e subjugados por outros animais, os camundongos ficaram relutantes em se aproximar de outros animais de sua espécie”, descreve Litvin em entrevista ao Estado de Minas, por e-mail.

Hormônio Identificada a mudança comportamental, os pesquisadores partiram para uma análise do cérebro dos camundongos traumatizados. Primeiro, eles notaram que uma droga que inibia a ação de um hormônio chamado vasopressina era capaz de reduzir a ansiedade das cobaias. Depois, a equipe examinou os cérebros dos animais e notou que eles estavam mais sensíveis à ação do hormônio, que no ser humano está associado à agressão, ao estresse e a distúrbios de ansiedade. O aumento dos receptores de vasopressina foi notado especialmente na amígdala, área que pode ser descrita como o centro emocional do cérebro.

Para Litvin, essas mudanças no sistema cerebral podem ser a base da alteração comportamental surgida a partir de situações de estresse social crônico. “Os roedores estressados apresentaram mudanças na ativação de neurônios que estão relacionados com o controle da ansiedade e com a socialização. Essas mudanças podem ser a base de alguns dos efeitos comportamentais que surgem em situações como o bullying”, afirma.

O especialista acredita que o estudo pode ajudar a compreender melhor os efeitos de traumas surgidos pelo convívio social e levar ao desenvolvimento de tratamentos ou maneiras de prevenir as consequências do estresse crônico em humanos. Ele ressalta, no entanto, que outros estudos precisam ser feitos antes de se afirmar que os danos observados nos cérebros dos camundongos se repetem nas pessoas. Também não se sabe se essas alterações – mesmo nos ratos – são permanentes ou se o cérebro volta ao normal depois de um período longo distante da fonte de estresse. “É importante lembrar que os cérebros de camundongos e humanos são muito diferentes”, frisa.

Mas os indícios apontados pela pesquisa norte-americana não surpreendem a médica psiquiatra e especialista em bullying Ana Beatriz Barbosa Silva. “Qualquer estresse leva a mudanças de comportamento e promovem a liberação de uma série de substâncias químicas”, diz a autora do livro Bullying: mentes perigosas nas escolas (Objetiva). No caso do bullying, ela ressalta que a situação tende a ser mais grave porque o estresse pode se prolongar, tornando-se crônico. “Como a criança normalmente não conta a ninguém o que está sofrendo, a situação pode seguir por um ou dois anos. A amígdala cerebral fica mesmo hiperfuncionante e passa a sinalizar perigos que às vezes não existem”, completa.

Bullying já afeta 84,5% dos estudantes no Rio. Mais de 40% já foram vítimas‏

RIO - Uma pesquisa sobre bullying nas escolas do Rio revela que a grande maioria dos alunos - 84,5% dos entrevistados - já foi vítima (40,4%) ou conhece alguém que sofreu agressões físicas ou psicológicas no colégio (44,1%). O levantamento, feito pelo Instituto Informa, mostra que o problema é mais grave nas unidades municipais. O percentual chega a 90,2% na rede municipal, contra 82,8% nos colégios particulares, e 72,7% nos estaduais. Atos de intimidação e violência ocorrem, principalmente, no ensino fundamental. Por isso a menor incidência na rede estadual, que tem foco no ensino médio, mostra reportagem de Ludmilla Lima, publicada pelo GLOBO nesta segunda-feira.

Conforme O GLOBO revelou, domingo, as escolas ignoram uma lei estadual que obriga instituições de ensino a comunicar os casos de agressão entre alunos à polícia ou aos conselhos tutelares.

O bullying foi usado como justificativa pelo autor do massacre de Realengo. Welington Menezes de Oliveira, que tinha problemas mentais, matou 12 estudantes da Escola Municipal Tasso da Silveira, no último dia 7 de abril.

Durante a pesquisa, o instituto entrevistou 830 estudantes de 10 e 16 anos. Do total, 40,4% confirmaram já ter sido vítimas de bullying, e 44,1% disseram conhecer pessoas que foram alvo de perseguição. Uma das constatações mais preocupantes da pesquisa revela que 93,1% dessas pessoas disseram que não houve qualquer tipo assistência psicológica às vítimas.

De acordo com a consulta, o problema mais comum são os apelidos pejorativos, que representam 42,7% dos casos. Deboches coletivos (18,8%) e ofensas pessoais (13,7%) vêm em seguida. Das vítimas, 57,9% não reagiram às agressões, e 19,4,2% pensaram em vingança. E 71% das pessoas que foram alvo conseguiram superar o trauma.

As chances de agressão física são maiores nas escolas municipais: 46%. Nas estaduais, o índice é de 40%, e nas particulares, de 33,9%.

Diretor do instituto, o sociólogo Fábio Gomes explica que a pesquisa revelou diferenças entre as vítimas de bullying não somente em relação às escolas onde estudam, mas também por idade e sexo.

- No caso das meninas, constatamos que a agressão mais presente é a verbal. Entre os meninos, é a física - compara o sociólogo.

Dos 492 alunos de 10 a 14 anos que participaram da pesquisa, 88,4% confessaram sofrer agressões ou ter colegas que passaram pela situação. Na faixa etária de 15 e 16 anos, o percentual é de 78,1%.

Os números mais alarmantes da rede municipal podem ser resultado de outra constatação: nessas escolas, os alunos denunciam mais. Apenas 29,8% dos estudantes da rede municipal entrevistados pela pesquisa afirmaram não ter comunicado o bullying à direção da escola. Esse percentual é de 58,7% nas escolas estaduais, e de 46,7% nas particulares.

Já as punições são mais frequentes nas instituições particulares: em 41,3% dos casos, o agressor sofreu penalidade. Nas unidades do município, só houve castigo para os agressores em 28,9% das situações. Na rede estadual, em 21,9%.

O índice alto de alunos que se dizem vítimas pode estar associado ao nível de conhecimento sobre o problema. Do total de crianças e adolescentes abordados pelo Instituto Informa, 61,6% responderam ter recebido informações nas escolas sobre o bullying.

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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bullying leva adolescentes a procurar cirurgia de redução de estômago

O bullying, que é a violência física ou moral no ambiente escolar, está levando adolescentes obesos a passar pela cirurgia de redução de estômago. A atitude tem deixado os médicos preocupados. Pesquisa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica revela que em 2009 foram realizadas 1,5 mil operações para reduzir o estômago em pacientes com menos de 20 anos. Foram quatro cirurgias por dia.

As “brincadeiras” destroem a autoestima. Foi assim com a filha da comerciante Magali Andrade. Ela conta que a menina sofria preconceito. “Não tinha muitos amigos, era excluída. Não se sentia bem em lugar nenhum”, conta.

A cirurgia de redução de estômago só é recomendada para quem já passou dos 16 anos e está com índice de massa corpórea (IMC) acima de 35. É o caso, por exemplo, de uma pessoa que tem 1,70m de altura e pesa 100 quilos. Para calcular o IMC é preciso dividir o peso pela altura duas vezes.

Mas alguns jovens não conseguem esperar. De acordo com o cirurgião bariátrico Roberto Rizzi, às vezes, com 80 kg, 90 kg, os pacientes vão ao consultório em busca de cirurgia aos 13, 14 anos. O motivo é o bullying.

“A nossa orientação básica em primeiro lugar é esperar o adolescente crescer o máximo possível. Muitas vezes, um paciente obeso com 13 anos, com 17 anos, dá aquela crescida rápida e se torna um jovem alto e magro”, observa Rizzi.

A bancária Thaís Moreira, de 26 anos, lembra com tristeza da adolescência. “Eu gostava de um menino com 12 anos e ele falou pra mim: ‘Se você emagrecer, eu namoro com você’. Aí, eu engordei mais ainda”, relembra.

Há um mês, Thaís fez a cirurgia e, hoje, comemora uma nova fase na vida. “Eu já emagreci 12 kg. A autoestima está lá em cima. Estou muito feliz”, revela.

Os médicos, no entanto, ressaltam que, para fazer a operação, o paciente já tem que ter tentado emagrecer.

Câmara discute prática do bullying nas escolas de Natal

Da redação do DIARIODENATAL.COM.BR

A prática do Bullying nas escolas municipais foi tema de uma audiência pública realizada nesta sexta-feira (08) na Câmara Municipal de Natal, por proposição da vereadora Sargento Regina (PDT). Na ocasião estavam presentes líderes de movimentos sociais e representantes do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINTE/RN), da Secretaria Municipal de Trabalho e assistência Social (SEMTAS) e das secretarias estadual e municipal de Educação.

Bullying é toda de agressão física ou verbal, feita de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um colega de turma, e ainda pode ser entendido como ameaça, intimidação e opressão. O termo bullying tem origem na língua inglesa “bully”, que significa valente. A iniciativa representa a continuidade de uma audiência realizada em março com o mesmo tema.

A vereadora Sargento Regina explicou que a intenção é aprofundar mais o debate sobre o assunto e desenvolver ações concretas no combate o problema. “Bullying é a materialização do preconceito e infelizmente a sociedade acaba produzindo monstros através da discriminação e da exclusão social”, destacou a vereadora.

Durante a audiência, o representante da Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEEC) João Maria Mendonça de Moura, fez uma breve exposição sobre o tema. “Vivemos numa sociedade onde os valores morais e éticos estão perdendo para os valores materiais. A escola representa o espaço para se trabalhar uma cultura de paz que possa ser assimilada pela juventude”, analisou Moura. Ele ressaltou que é preciso realizar pesquisas sobre o bullying nas escolas públicas e privadas para que o problema possa ser enfrentado com embasamento teórico.

O representante da Secretaria Municipal de Educação, José Carlos Alves, informou sobre os projetos educacionais desenvolvidos pela prefeitura de Natal. “Temos o projeto Justiça Escola que trabalha valores entre os alunos. Esta iniciativa se baseia em seis pilares: zelo, senso de justiça, cidadania, respeito, responsabilidade e sinceridade. Acredito que quando esses valores são promovidos o bullying começa a perder espaço no ambiente escolar”, afirmou.

Também participaram da audiência os vereadores Raniere Barbosa (PRB), Júlia Arruda (PSB), Rejane Ferreira (PMDB), Dinarte Torres (PV) e Adão Eridan (PR).